Mágica, a arte livre
- Juliana Pires
- 4 de jun. de 2019
- 3 min de leitura

É apresentada em diversos lugares, desde teatros, circos, festas e até nas ruas. É essa diversidade de locais e o poder de se moldar para qualquer um deles que faz a mágica ser livre e não pertencer a somente um tipo de arte, seja ela circense ou teatral.
A mágica é uma arte que nasceu com o objetivo de impressionar, deslumbrar e entreter quem a assiste. Por volta de 2000 a.C foi escrito em um papiro egípcio o registro mais antigo de uma apresentação de mágica, que relata os números de um mágico chamado Dedi diante da corte do faraó Keóps. Os mágicos da Europa se apresentavam para reis e pequenas plateias, sendo muitas vezes perseguidos por acusações de bruxaria. Foi no século XVII que surgiram os primeiros mágicos teatrais e com eles os primeiros seis teatros para mágicos. Tempos depois, a arte do ilusionismo foi incrementada aos números circenses.
Hoje em dia, a mágica faz parte tanto do mundo teatral quanto do mundo circense, por ter sido inserida dentro das grandes lonas, mas a maioria dos espectadores desconhecem sua origem, achando que a mesma se originou no circo para ser mais um número circense. “Não sabia, pensei que tivesse nascido no circo mesmo”, comenta Katia Pires, que já assistiu diversos shows de mágica.
A mágica no circo se difere da teatral principalmente nos tipos de números que podem ser feitos sem deixar vazar nenhum segredo. O mágico Caio Ferreira complementa: “Os mágicos de circo que trabalham em picadeiros possuem diversas limitações pois geralmente trabalham em palcos onde o público está posicionado em 180 graus, isso limita a quantidade de números de mágica que podem ser executados”.
De certa forma, o ilusionismo também está presente na cinematografia, como diz Thiago Cardoso, estudante de teatro e teoria do circo. “Confesso que sei pouco sobre a história e origem da Mágica, mas sei das influências que a mágica tem no cinema, pois muitas técnicas e efeitos visuais veio do ilusionismo, que pode ser considerado um efeito visual também.”

“No entanto, sob o aspecto de sua construção, ela deriva de propostas cênicas pois a mágica é uma mentira, uma farsa, um fingimento com o propósito de encantar, de maravilhar”
Muito flexível e abrangente, a mágica se mostra poder ser moldada para todos os tipos de lugares e ocasiões, assim como para qualquer idade também. “Mágica é criar momentos para outras pessoas, não existe lugar para ela, qualquer lugar é ideal para apresentá-la, circo, teatro, festas, hospitais, asilos, etc..”, afirma Rodrigo Lima, um mágico voltado para o público infantil, ao ser questionado sobre a qual dos dois lugares, circo ou teatro, a mágica pertence.
Apesar de ter sua própria história e ser classificada como uma arte independente ou até mesmo no “gênero circo-teatro, que é uma vertente menos popular”, de acordo com o estudante de teatro Thiago Cardoso, muitos até hoje a categorizam como uma arte circense. No Brasil, esta categorização acontece pois não existiu uma tradição de espetáculos teatrais de ilusionismo em sua história recente. Algumas pessoas, principalmente as que não costumam ir em teatros, só tiveram contato com mágica em circos itinerantes, daí esta percepção errônea da mágica como atividade que nasceu no circo, assim como explica o mágico Caio Ferreira.

“A mágica teve presença dominante nas ruas e alguns templos durante a antiguidade e idade média, sua entrada nos circos ocorreu por casualidade, pois os circos sempre foram uma espécie de varieté com vários atos e trabalhos diferentes”
Independente de onde veio ou para onde vai, a arte do ilusionismo continuará trilhando diversos caminhos, inovando e se adaptando, como tem feito até hoje, principalmente por conta do advento da internet. E desse modo, a mágica vem se desenvolvendo constantemente e de maneiras diferentes em cada continente, e isso a torna ainda mais livre, moderna e imortal.
Comments